Um dos aspectos mais interessantes da música é, para mim, o timbre. Desde muito cedo, sempre fui fascinado com a produção de timbres e sonoridades peculiares. Meu contato inicial com a música ocorreu com a guitarra elétrica, um instrumento que possui um vasto leque de possibilidades sonoras, efeitos digitais e analógicos, técnicas, amplificação etc. A descoberta da percussão chamou minha atenção para uma “família” de instrumentos com características sonoras diversas e inigualáveis. Durante minha trajetória como percussionista, fui, aos poucos, percebendo que cada objeto ou matéria existente pode ser usada como um instrumento musical. Isso revelou um mundo infinito de possibilidades sonoras de modo que, para mim, uma das competências primordiais do percussionista é a capacidade de obter sons de algo, seja um instrumento musical tradicional seja um objeto qualquer.
— Luís Bittencourt

Luís Bittencourt é músico, brasileiro e reside atualmente no Porto, Portugal. Os seus trabalhos mais recentes envolvem a música contemporânea e a música experimental. Suas performances contemplam diferentes instrumentos: a percussão orquestral (vibrafone, marimba, multipercussão, etc.), a percussão popular e étnica (pandeiro, cuíca, kalimba, bombo leguero, etc.), os instrumentos incomuns como o waterphone e as fontes sonoras experimentais (objetos do cotidiano e elementos como água, madeira, pedra, entre outros).

A guitarra acústica e elétrica também estiveram presentes em grande parte da sua formação e, por isso, são instrumentos utilizados, ainda hoje, em suas performances. Para além da música, Luís tem interesse especial em artes visuais, fotografia, dança e cinema e, portanto, procura criar conexões entre estas modalidades e a música, integrando novas mídias à percussão. 

Tem realizado concertos em países como Portugal, Espanha, Itália, Inglaterra, Alemanha, Brasil e EUA. Suas performances incluem primeiras audições de suas próprias composições e obras de compositores como Christopher Deane, Tan Dun, Edson Zampronha e Vinko Globokar.

Tem participado em festivais de arte e música contemporânea em que atuou e colaborou com Lee Ranaldo e Leah Singer (Sonic Youth), Phill Niblock, Kuniko Kato, Alessandra Pomarico, Ney Rosauro, Helga Davis, Katherine Liberovskaya, Jeffrey Zeigler (Kronos Quartet), Alegre Corrêa, David Sheppard, Paola Prestini, Sound Found Nation, Jon Rose, Ali Hossaini, Gabriel Prokofiev (Non Classical), David Cossin (Bang on a Can), Miquel Bernat & Drumming GP, Srosh Ensemble, Angélica Salvi, Mina Tindle, Oh Petroleum, Emily Hall, entre outros.

Luís também procura desenvolver um trabalho que envolve a composição e a improvisação. Já compôs e executou, ao vivo, trilhas sonoras para espetáculos teatrais e criações específicas para dança contemporânea. Suas obras buscam combinar o refinamento dos timbres da música erudita contemporânea com a energia performativa de gêneros musicais como o rock, jazz e minimalismo.

Além de sua atividade como solista, integra os grupos N.O.F.P. (Nova Orquestra Futurista do Porto) e Srosh Ensemble, ambos dedicados à música experimental contemporânea, Ensemble de Gamelão da Casa da Música(música tradicional da Indonésia), Tríptico (trio instrumental dedicado à música popular da América Platina) e um projeto em duo com a harpista Angélica Salvi voltado para repertório contemporâneo escrito para harpa e percussão